quinta-feira, 23 de julho de 2009

Por Sempre Andar

Ele andava, mesmo sem saber pra onde ia, ele andava. Encontrava pessoas no caminho, desconhecidos, amigos e futuros amigos. Alguns até que caminhavam com ele um tempo mas sempre o abandonavam em alguma parte do caminho para poderem continuar com suas vidas. Ele não, ele continuava a andar mesmo porque não tinha muitas opções, ou era isso ou era a apatia de ficar parado e taí uma coisa que ele não aguentava era ficar parado. Um dia ele conheceu ela que não quis caminhar muito e logo parou. Só que a conversa entre eles estava tão interessante que ele também parou por um tempo para que pudessem continuar a conversa. Ele sentia falta do cabelo dela voando contra o vento da época em que eles andavam e suas próprias pernas já sentiam falta de andar também. Ela não queria mais andar, nunca foi de andar muito e já estava cansada daquilo. Ele ainda tinha a esperança de convencê-la a voltar a andar, ela ria daquilo tudo. Aos poucos ele foi se acostumando a ficar parado, no mesmo lugar por muito tempo, raramente conhecendo pessoas novas que passavam casualmente por onde eles estavam, mas ainda sentia falta do mundo passando sobre seus pés. Um dia, ele explodiu:
- Por que ainda estamos aqui?! Por que não andamos mais?!
Ela riu e pôs a mão no joelho dele:
- Você não precisa mais andar, querido. Você já chegou.
Ele sorriu.

"Por sempre andar, andar
Sem nunca parar
Pequenas coisas vão ficando pra trás"