sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Carteado.

Sento na mesa com minhas fichas já contadas, aposto baixo, sempre aposto pouco. Não tenho medo de perder, não tenho medo de nada. Só preciso garantir meu direito de sair quando eu achar que devo. Compro poucas fichas porque quero poder deixá-las na mesa quando eu achar que a próxima aposta não vale a pena. E ao deixar meu dinheiro e ir embora, vão me chamar de imprudente e louco, mas eu prefiro assim. Aposto baixo, aposto pouco. O dinheiro que me pagam todo mês é o suficiente, não preciso dobrar isso numa mesa para me sentir eficiente. Jogo por que gosto do blefe, da dinâmica, do olhar. Se jogasse por dinheiro, só teria graça quando ganhar.
Mas foi só quando perdi demais, quando abri mão de tudo eu tinha feito, que eu aprendi a jogar direito. Aprendi que não se pode envolver, que não se confia nas cartas. Aprendi que quanto mais sua vida depende disso, mais cedo o jogo te mata. E aprendi a apostar pouco, a apostar nada. A sair da mesa quando eu apostava mais alto que todos e ficar calado quando minha aposta era menor. E assim fui ganhando pequenas quantias, que no todo foram bem significativas. E quando perdia, bem, sempre fui de apostar baixo, então não me fez falta, eu acho. Quem me conhece sabe que não sou louco, sempre aposto baixo, sempre aposto pouco.

domingo, 14 de outubro de 2012

O ABC do Amor.

Cada sorriso trocado
Cada riso, cada abraço
Cada emoticon que piscava
Indicando a malícia das palavras
Cada vez que eu chamei pra sair
E você foi sem hesitar
Cada sinal que eu recebi
E eu custei pra interpretar
Só me deram a certeza
De que eu não sei te ler
Na escolinha do amor
Sou analfabeto de você

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Promessas

"Nunca faça promessas", disse o velho sentado num banquinho de madeira enquanto enrolava seu palheiro. "Passei os últimos sessenta anos sem fazer promessas, nunca ousaram me cobrar nada. A penúltima promessa que eu fiz foi meu casamento, na frente do padre e de Nosso Senhor. E quando eu percebi que não ia cumprir, eu rezei dez Pai Nosso e dez Ave Maria, pedi perdão e fiz minha última promessa: de nunca mais prometer nada. E essa eu tenho cumprido desde então. E também não me responsabilizei pelas promessas que fizeram por mim. Gente que esperava de mim o que eu não podia dar, conversa fiada dos outros que falavam no meu lugar. Não assinei embaixo de nenhuma dessas e vi, com pesar, cada um dos contratos serem quebrados. Hoje sou um velho sem expectativa de vida, de fome e sem perspectiva de futuro. Já vivi o suficiente. Não digo nem 'até amanhã' porque não sei se vou estar vivo quando você acordar. Então escuta, meu filho, esse meu conselho que pode ser o último: não faça promessas".

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Killing Spree.

Who's gonna be the last one to flee
When they finally start their killing spree?
Who's gonna speak loud and proud in the end
When you look around and see no friend?

When they break all the walls
That protect you from them all
And you find out that you're alone

Don't get surprise
cause your loneliness is right
And it has always been

You don't have iron chest, iron fists or iron friends
No one to risk for you
So forget all your pride, balance who was right
Or wait for God to do.