quinta-feira, 23 de julho de 2009

Por Sempre Andar

Ele andava, mesmo sem saber pra onde ia, ele andava. Encontrava pessoas no caminho, desconhecidos, amigos e futuros amigos. Alguns até que caminhavam com ele um tempo mas sempre o abandonavam em alguma parte do caminho para poderem continuar com suas vidas. Ele não, ele continuava a andar mesmo porque não tinha muitas opções, ou era isso ou era a apatia de ficar parado e taí uma coisa que ele não aguentava era ficar parado. Um dia ele conheceu ela que não quis caminhar muito e logo parou. Só que a conversa entre eles estava tão interessante que ele também parou por um tempo para que pudessem continuar a conversa. Ele sentia falta do cabelo dela voando contra o vento da época em que eles andavam e suas próprias pernas já sentiam falta de andar também. Ela não queria mais andar, nunca foi de andar muito e já estava cansada daquilo. Ele ainda tinha a esperança de convencê-la a voltar a andar, ela ria daquilo tudo. Aos poucos ele foi se acostumando a ficar parado, no mesmo lugar por muito tempo, raramente conhecendo pessoas novas que passavam casualmente por onde eles estavam, mas ainda sentia falta do mundo passando sobre seus pés. Um dia, ele explodiu:
- Por que ainda estamos aqui?! Por que não andamos mais?!
Ela riu e pôs a mão no joelho dele:
- Você não precisa mais andar, querido. Você já chegou.
Ele sorriu.

"Por sempre andar, andar
Sem nunca parar
Pequenas coisas vão ficando pra trás"

quarta-feira, 22 de julho de 2009

O Caminho Que Eu Quero Seguir

Eram dois amigos mas, apesar de terem aproximadamente a mesma idade, a relação entre eles era mais de mestre-aprendiz. O, digamos, "Mestre" tinha vivido mais experiências em sua vida do que o, digamos também, "Aprendiz", e isso tinha possibilitado a ele desenvolver um senso crítico muito apurado sem contar sua ótima capacidade de tomar decisões em situações difíceis. O Aprendiz ainda era inseguro, causado por sua inexperiência. A opinião do Mestre contava muito pro Aprendiz e, nas horas de incerteza, era o Mestre que decidia, mesmo que indiretamente, qual rumo seguir. Eles conversavam muito das coisas mais banais às mais relevantes.
Em uma dessas conversas, Aprendiz faz uma pergunta que sempre lhe incomodou:
- Mestre, o que você faz quando tem dúvidas?
- Ah, meu jovem, eu pergunto para os meus próprios mestres.
- E como você sabe quais deles está certo?
- Eu não sei, apenas fico com a resposta que melhor me convier.
- Então um dia eu terei meu próprio aprendiz?
- Não, não. Você não vai ter aprendizes, assim como eu não tenho um nem meus mestres tem. A relação é inversa. É você quem decide a quem ouvir, logo a posse está com você. Você possui mestres, mas eles não te possuem. O dia em que minhas respostas não forem as que você julgar certas, você é livre para sair e se afastar. O que tento passar pra você, além de qualquer conselho que você já tenha ouvido, é principalmente a capacidade de criar suas próprias respostas. Quando você desenvolver segurança no seu próprio senso de direção, com certeza surgirão pessoas menos inexperientes para te perguntar o caminho.
Assim o Aprendiz confirmou que seu amigo era um grande homem e que era esse o caminho que ele desejava seguir.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Galinha e o Ateu

Hoje o tio Toscano vai trazer pra vocês uma fábula escrita a tanto tempo que ele nem lembra mais. É a história de uma galinha. E de um ateu. Porque o tio Toscano escreveu uma fábula é uma coisa que se perdeu na memória, o importante é que o texto ainda é relevante e vai ser republicado aqui.

A Galinha e o Ateu.

Certa vez, ao deparar com uma galinha atravesando uma rua sem parar, indo e voltando, um ateu pára a galinha e a pergunta as razões que a leva a atravessar a rua, sem pestanejar, a galinha responde: "Para chegar ao outro lado, por que mais seria?". O ateu, notando a confusão da galinha resolve tentar convencer a galinha de que ela está sempre voltando para o mesmo lado. "Mas o Outro Lado sempre está de lá, e por mais que eu tente, ele sempre muda de lugar mais rápido do que eu, mas eu acredito que um dia estarei lá com todas minhas amigas galinhas que conseguiram chegar ao Outro Lado". O ateu, vendo que era inútil tentar convencer uma galinha de alguma coisa, desiste e vai embora. Ao dar uma última olhada, vê, sem poder fazer nada, um caminhão passar por cima da galinha e pensa: "E não é que ela encontrou o outro lado?". E riu irônicamente.

Moral da história: Não interfira nos objetivos dos outros só porque não fazem sentido pra você


(ou qualquer outra coisa que vocês tenham aprendido dessa história boba).

sábado, 18 de julho de 2009

O Evangelho Segundo Toscano

Velho Testamento - Parte 3

E Deus ficou de boa por muito tempo. Depois da criação dos Anjos (que na verdade sempre estiveram lá, só que Deus estava ocupado demais sendo onisciente pra perceber quem o servia), ele passou um tempo se preocupando com os assuntos do Céu mesmo. E foi por tanto tempo que a família de Adão e Eva se mudou da caverna, construiu uma casinha para chamar de deles, teve mais filho, netos, bisnetos, tataranetos e mais uma caralhadada de familiares. E lá pela décima geração da família de Eva e Adão, Deus resolveu lembrar das pessoas que tanto o divertiu nos primórdios da criação. Só que quando ele foi ver, estava tudo banguçado, todo mundo se odiando e se matando. Um absurdo. Assim Deus foi procurar a fonte disso tudo, a família que ele criou primeiramente. E assim surge Noé na história. Noé, um velho com sérios problemas de alcoolismo, esposa e três filhos. Noé, estava descansando em uma árvore em um dia que ele tinha especialmente exagerado no vinho. Deus pensou que aquela seria uma ótima hora para conversar (e assim surgiu a tradição de Deus só aparecer nos momentos em que todos duvidariam que ele tinha aparecido, como pra bêbados, crianças pastores e em pães de forma assados):

Deus - Fala, Noé!
Noé - Caralho! Quase me mata de susto... Quem é você?
Deus - Eu sou Ele.
Noé - É... "ele" quem?
Deus - Seus pais não te ensinaram nada, não? Eu sou Deus! (Raios e trovões estouram no céu)
Noé - AAAAH, me contaram. Aquele que expulsou a gente do paraíso e enganou meu tio-avô?
Deus - Essse mesmo! E aí, como vão as coisas?
Noé - Ah, aqui tá parado, né. Desde o incidente com Caim, nossa família se mudou, teve filhos e tals...
Deus - Aham, aham... Então, eu vim aqui pra te pedir uma coisa.
Noé - Pedir? Bem, não sei se estou em condições de fazer favores... Sabe como é, exagerei um pouco nesse Sangue de Boi aqui... (sorriso maroto)
Deus - Não, é tranquilo. Eu faço você lembrar depois. O esquema é o seguinte, a humanidade tá uma porcaria. Eu passo mil anos fora e vocês já fodem com tudo. Todo mundo se matando, se traindo, vocês são uns merdas.
Noé - Sei.
Deus - Então eu vou matar todo mundo.
Noé - PERAÍ, BRODER. Vamos conversar. O que você quer que eu faça?
Deus - Ó, você vai construir um barco, grande pra caralho e vai colocar um casal de cada espécie de animal dentro dele, pode colocar sua família também.
Noé - Mas onde eu vou arrumar um animal de cada espécie?
Deus - Ah, pega os que você achar que tá de boa.

E foi nessa hora que Noé adormeceu. Quando acordou, Noé foi contar pra sua família o que tinha acontecido e que ele tinha que construir um barcão pra colocar um animal de cada espécie porque ia chover pra caralho e ia matar toda a humanidade. Todos riram. "Ai, ai, esse Noé é um fanfarrão mesmo" sua esposa disse. "Beleza, pai, eu te levo pra cama" disse seu filho mais novo. Mas Noé bateu o pé que não estava delirando e que ele realmente tinha visto Deus e blábláblá... Ok, isso não importa. O importante é que no outro dia nosso intrépido herói começou a cortar árvores pra construir a arca. Como naquela época não existia empregos pra serem perdidos ou qualquer outra coisa pra fazer, Noé conseguiu dedicar todo seu tempo a arca. E os anos se passaram, seus filhos começavam a ajudar a construção do barco e, a cada época de chuva, todo mundo e desesperava e saía catando tudo que é animal que estivesse a vista. 80 anos se passaram(naquela época, 80 anos não era tanto assim), o barco ficou pronto e nada de dilúvio. Os filhos já viam o lado bom, já que se não chovesse, eles ao menos tinham um barco na família (I'M ON A BOAT!). Aí começou a chover e acostumados com os alarmes falsos ninguém fez nada. E no meio da chuva, Deus mandou um trovão que claramente dizia "PORRA, AGORA É NA VERDA!" e Noé deixou de ser um doido construindo um barco e passou a ser um doido juntando animais. E passaram vinte anos de Noé e familiares juntando animais (e mantendo eles vivos na arca), vinte anos de intensa chuva. Quando o barco já começou a boiar, a família toda entrou no barco. Outras pessoas da vila tentavam se juntar a eles e como resposta recebiam risadas histéricas do velho Noé que gritava "QUEM É O DOIDO AGORA, HEIN?". E assim Noé viu toda sua vila ser inundada, e todos os seres vivos da terre OFF-BOAT morrerem. Choveu durante 150 dias, e pra quem acha que passar 150 dias em um barco é o cúmulo da monotonia, tente passar 150 dias em um barco, com seus familiares e um casal de cada espécie de animal existente no planeta.
Um dia, Noé cansado daquela chuva toda e daquele barulho insuportável que fazia os animais, descansava no saguão, quando Deus apareceu pra ele.

Deus - Eai, Noé? Deu tudo certo?
Noé - CERTO? VOCÊ MATOU O PLANETA INTEIRO E TÁ PERGUNTANDO SE DEU CERTO?
Deus - Calma, aí, meu djovem. Olha como você fala com O Pai. Pelo menos eles aprenderam uma lição né? (piscadinha marota)
Noé - LIÇÃO? VOCÊ SÓ PODE ESTAR ME ZUANDO, NINGUÉM APRENDEU NADA PORQUE ELES ESTAVAM MAIS PREOCUPADOS EM NÃO MORRER!
Deus - Ai, ai. Humanos, nunca entendem nada... Ok, fica assim então, pra compensar vocês, a partir de hoje vocês serão mais espertos que os animais e poderão comer carne, só que não podem mais comer carne crua nem matar gente.
Noé - Pra você é tudo uma grande brincadeira, né? O que você quis dizer com "a partir de hoje"? Sempre foi assim!
Deus - PUTA QUE PARIU! AQUI Ó, VOU CRIAR O ARCO ÍRIS E FICA POR ISSO MESMO, ESTAMOS QUITES.
Noé - Vai criar o quê?

E Deus desapareceu. A chuva parou, mais ainda assim eles ficaram um tempão no barco esperando acharem um lugar seco. Um dia, uma pombinha voltou com um galho na boca, aquele era o sinal! Finalmente um lugar seco. Demorou ainda sete dias pra eles desembaracarem e liberar todos os animais. Noé dividiu as terras secas entre todos seus filhos e eles viveram felizes para sempre. Deus mais uma vez grilado com a raça humana, prometeu nunca mais jogar todo seu trabalho com árvorezinhas e outros animais fora por causa dos homens. Deus voltou para o céu para brincar com seus anjos, que eram pagos para ser seus amigos. Enquanto isso, um belo arco-íris se explandava entre as nuvens.

Leia também as outras partes desse belo conjunto de parábolas:
Parte 1 Parte 2 Parte 4

sábado, 11 de julho de 2009

"E agora, Ortega?"

Tinha um garoto que sabia tudo, só não sabia como utilizar essa sabedoria. Não por uma limitação meramente intelectual de saber tanto que não se tem tempo para lidar com tanta sabedoria, mas mais por ele ser burro mesmo. Quer dizer, ele não era burro já que ele sabia de tudo, mas ele era burro por não saber usar nada da sua sabedoria. Nosso garoto não conseguia parar em emprego algum, apesar do seu enorme potencial. Sempre foi bem na escola, conseguiu se formar com louvor na faculdade, mas na vida... na vida o garoto era um pária. Sua inaptidão para lidar com situações era clara e evidente, assim ele não sobrevivia a uma entrevista de emprego sequer, todos os lugares em que trabalhou ele havia entrado por indicação de alguém que sabia de seu desempenho passado. Como não conseguia usar seu conhecimento, ele também não era muito bom com decisões. Aprender com erros não era muito fácil já que, por mais que ele soubesse que algo estava errado, seu instinto sempre prevalecia sobre sua razão.
Até que um dia ele conheceu essa garota. E essa garota era meio que o oposto dele, burra que nem um peixe dourado dentro de um liquidificador mas ótima pra tomar decisões. Apesar de não saber muito o que ela estava fazendo, ela tinha um senso crítico dos diabos e sempre fazia as escolhas certas. E com o pouco conhecimento que ela tinha, ela fazia maravilhas. Conseguiu chegar a gerencia da loja de departamento do shopping, porque organizava as coisas como ninguém. E ela que tinha feito a decoração de sua casa, de extremo bom gosto, não acha? Às vezes ela até fazia suas próprias roupas e isso tudo sem ter habilidade nenhuma, quer dizer, tirando a habilidade de lidar com o que tem.
Eles se conheceram em uma sorveteria, onde ele sabia exatamente os sabores que gostava, mas estava em dúvida em qual levar. Ela simplesmente queria todos os sabores. Ele sentou sozinho no canto e ela, impulsiva, sentou com ele e puxou assunto.
Ela - Por que você demorou tanto para escolher seu sorvete?
Ele - Eu fiquei em dúvida. Eu te conheço?
Ela - Não, só estou puxando assunto. Você sempre come aqui? Nunca te vi nessa sorveteria...
Ele - É... você se importa?
O garoto levantou e foi embora, meio desajeitado. E mais uma vez, o garoto perdeu a chance. Eles nunca mais se encontraram.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Sorte do Dia

"O Segredo da criatividade é saber esconder suas fontes" (Orkut)

Muito apropriado, vendo que estou usando vários fichamentos para poder produzir o meu via RECORTE.


Para quem reclama que esse blog está abandonado e está afoito por pensamentos avulsos, me siga no Twitter! @Gui_Toscano