segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Teste de Elenco

Você já parou pra pensar nisso antes?
Que não faz sentido amar o coadjuvante?
Com tanto mocinho e vilão disponível,
Você foi escolher justo o menos incrível?

Claro que você já pensou, você é daquelas
Que quanto mais se afasta mais se apega
E se ninguém mais o vê assim:
"Melhor, que sobra mais pra mim"

Pobre de você, que nasceu pra ser artista
Do musical que eu escrevi você era protagonista
Mesmo que muito antes do final, você morreu

E se for pro mocinho casar com a irmã malvada
É melhor mesmo se deixar apaixonada
Pelo sujeito que passou e ninguém percebeu

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O homem que não comprou o amor.

Esse conto é baseado no conto de um blog que é o único que tem parado minha atenção pra ler:
"O homem que vendia o amor", de Luana Costa.

Me convenceram a ir a essa palestra de auto-ajuda, me disseram que ia me fazer muito bem. Eu que depois da terceira namorada que me trocava por alguém mais rico, mais bonito ou mais interessante, tinha aberto mão desse negócio de amar, estava ali vendo sentado esperando uma palestra sobre como viver sem o amor. Pelo menos era o que o folheto que me entregaram na entrada dizia. Um amigo meu de Curitiba assistiu essa palestra há um ano e meio e diz que depois dela nunca foi tão feliz. Eu, que já conhecia todas as táticas de dialética e discursos, já estava ficando impaciente com a demora do começo. Quando apagaram as luzes, entrou esse sujeito de terno barato, sorriso no rosto, expansivo como todo palestrante imbecil de auto-ajuda. Ele se apresentou e falou que estava há não sei quantos anos sem amar. O gordo do meu lado só faltou chorar enquanto batia palmas descontroladamente com o livro do sujeito debaixo do braço. Muito bonito seria um mundo sem amor, não é? Ele começa a falar como foi difícil pra ele superar sua primeira decepção amorosa, mas que tudo tem que acontecer na sua hora. Então ele simplesmente confia no tempo. Viver sem amor, esse cara é uma piada. Acha que engana alguém. E engana. Aparentemente estão todos muito concentrados no que ele tem a dizer. O cara tem o público nas mãos, consegue arrancar suspiros e indignações na hora certa. Esse grande filho da puta frustrado. Tão perderdor quanto todos nós, ou menos, já que ele arrumou um jeito de ganhar dinheiro em cima de seu fracasso. Há quanto tempo ele não ama? Dez anos, ele não se cansa de repetir. Alguém que não ama a tanto tempo simplesmente desaprendeu a amar. Ele vive remoendo um sentimento tão distante e vazio que ele mesmo não sabe como é. Resquícios de um memória tão fraca que só fica o índice. O indício de que ali houvera em algum momento um sentimento que deixou aquela marca. Uma hora e quinze minutos e ele encerra a palestra. O caminhar vazio dele enquanto recolhe sua garrafa de água e vai para o camarim o entrega, mas pros outros setenta e poucos companheiros meus de palestra, aquele cara foi um gênio. Corações partidos em tantos pedaços e de tantas formas diferentes, que qualquer minuto de atenção, qualquer palavra de apoio, soa como um sopro de esperança. Eles não precisam passar por aquilo de novo, eles podem viver bem e sozinhos como ele. Como aquele sujeito magro e sorridente que conseguiu enganar quase todos os sujeitos desse auditório. Eu fui embora e joguei o folheto dele na primeira lixeira que passei. Pensando melhor, vou guardar esse folheto, porque conheço algumas pessoas que realmente estão precisando dessa palestra.

Ontem e hoje.

Ontem estava feliz e hoje eu estou triste
Seria a tristeza a pior coisa que existe?
Porque quem morre vai embora
Mas quem fica sofre e chora
Da perda de quem sempre quis bem

Então eu te pergunto, se a tristeza é tão ruim
Porque a felicidade também não é assim
Só que do jeito oposto?

A felicidade vem mas é passageira
Quando se vê já é segunda-feira
E o sorriso já saiu do rosto.

E a lágrima vem dum poço sem fim
Enquanto o sorriso, que faz bem pra mim,
Sempre soa um grande esforço

Me promete que amanhã quando eu acordar
Mesmo que nada mude de lugar
Eu vou mudar de situação
Já que ninguém me perguntou na hora de trocar
Minha alegria por consternação

Notícias do Fim do Mundo.

Tinha uns meses desde que tinha visto na internet pela primeira vez essa história de que o mundo ia mudar seu eixo translacional. Começou com uns cientistas na Suiça e outros na Coréia que fizeram essa previsão. A partir de fotos tiradas por um super telescópio localizado no Novo México, foi observado um movimento estranhos das estrelas que indicavam que a qualquer momento a Terra mudaria seu eixo. As consequências disso para a vida eram inimagináveis. Estações se invertendo, geleiras derretendo, milhares e milhares de espécies sendo extintas devido as mudanças climáticas. A crença no fim do mundo junto com o calendário Maia só aumentava o pânico das pessoas. Dizem que em alguns condados norte-americanos, os supermercados estavam vazios, já que todos queriam garantir seus mantimentos para uma possível era glacial. Ele só deu credibilidade para esse caos todo agora, enquanto sentava na tv e assistia a repercussão disso no Fantástico. Monges budistas se reuniam e cantavam mantras que, podiam até não salvar o planeta, mas com certeza os salvariam. Muitas previsões e poucas certezas era o que o Zeca Camargo tentava explicar na reportagem que já durava vinte minutos. Se acontecesse, ninguém sabia prever quando e muito menos o porquê, ainda menos o que aconteceria a partir dali. O telefone tocou, era a Fernanda. Provavelmente com medo em casa, assistindo a mesma reportagem. Ela era muito impressionável. "Alô". "Meu bem, vai acontecer uma coisa", a voz dela era de choro. "Eu sei, meu bem. Tô vendo Fantástico também, mas não acho que seja nada sério não". "Não, amor, você não tá entendendo. É algo maior". "Se acalma, amor. O que aconteceu?" "Eu tô grávida. A gente vai ter um bebê". E o mundo dele parou de girar em torno do próprio umbigo e começou a girar em volta do Sol, como sempre deveria ter sido.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Como foi o show da Fresno, Toscano?

Muita gente ai esperando pra que eu falasse como foi o show e eu aqui enrolando todo mundo porque tava com preguiça de ter que repetir a mesma história mil vezes então falei pro povo que eu ia escrever um texto contando como foi. O texto é esse aqui que estou escrevendo agora.
Fomos pra Brasília eu, Arthur e Bruninho, ouvindo Fresno o caminho todo. Deu o tempo exato de ouvirmos os cds bons em sua ordem de lançamento (Ciano, Redenção, Revanche e Cemitério das Boas Intenções), variando momentos de empolgação onde todos cantamos juntos e momentos onde baixávamos a música para conversarmos. Viagem tranquila, sem grandes emoções. Inclusive vale salientar que toda a viagem foi assim, sem grandes surpresas e imprevistos. Chegamos lá, pousamos na casa do irmão Moraes mais velho e logo partimos para comer algo e ir para o show. Local de fácil acesso, não tivemos dificuldade de encontrar. Chegamos lá e o lugar era tipo uma quadra com uma tenda. Um palco massa, um publico mediano muito jovem e tals.
A primeira banda tinha acabado de começar a tocar. Uma banda com uma vipe meio banda de rock gospel e cantando umas músicas paias. Mandaram um cover de Foo Fighter que ganhou a simpatia de algumas pessoas, mas só aumentou minha antipatia. A segunda banda me ganhou muito. Scalene, que aparentemente tinham acabado de mandar a vocalista embora, mas os caras mandaram tão bem no show que eu nem consigo imaginar como era a disposição de palco antes da menina sair. Vocal maneira com músicas maneiras. Vou esperar sair material aí sem a menina cantando pra poder dar uma sacada no som deles.
Agora vamos ao show da Fresno. Estávamos lá no meio de um monte de meninas e pessoas paias esperando começar o show, todo mundo entra em frenesi quando a galera da banda aparece. Não to acostumado a ver esse tipo de reação quando banda aparece, mas relevei. Mal o show começou e eu dei um jeito de colar perto da grade e ficar a uns 3 metros da banda. O negócio é que as primeiras músicas os integrantes da banda estavam visivelmente incomodados com algo. Fazendo cara feia, reclamando do som. Tudo isso claro, sem deixar transparecer nada pra pequena multidão de fãs que cantavam enlouquecidos as músicas. Mas me incomodou pra caralho. Outra coisa que me incomodou foi que eu tava lá cantando e me empolgando e o povo que tava em volta de mim tava curtindo mas de outra forma. Não sei dizer, mas como o povo em volta de mim era praticamente meninas e fãs loucas, eu não tava confortável ali. Também comecei a sentir uma dor no ciático (que aprendi onde fica semana passada quando eu travei jogando basquete) e sai do meio da multidão e me afastei do palco.
O que eu descobri foi que de longe o show estava bem mais agradável. Além de eu conseguir ver a banda toda, o som ficava melhor e eu conseguia respirar direito. Com o passar do show, a banda foi se entregando mais e o show foi consequentemente ficando melhor. Até o ponto que eles foram tocar "Infinito", atual música de trabalho da banda. Nesse momento, Lucas, o vocalista da banda desabafou. Agradeceu o apoio de quem acompanhava eles há muito tempo e que quem ainda estava com a banda agora. Disse que eles estava lutando muito para manter a banda como estava e que a única coisa que ele pedia era respeito do público. Lucas Silveira, emocionado, se mostrou o último emo TRUE do Brasil e o desconforto inicial meio que se explicou. Antes do show o público gritava o nome do Tavares, integrante da banda que saiu há pouco tempo para se dedicar a seus projetos solos. O recado é basicamente esse: o cara saiu porque quis, todos gostariam que ele estivesse lá no palco com a banda, mas infelizmente ele não quer. Paciência, vivam com isso. O show continuou, ficando cada vez mais sensacional.
Concluindo: o show foi muito bom, apesar do começo que pra mim foi até broxante. Esperava mais entrega da banda nas músicas, o que dificultou que eu me entregasse totalmente a emoção ali também, mas vi muita menina de fã-clube chorando compulsivamente. Espero ter a oportunidade de ver shows ainda melhores deles.
Ponto alto do show pra mim foi Lucas Silveira cantando a parte do Tavares em "Milonga", mostrando que a banda continua sem ele e que ainda assim é sensacional. Ponto baixo foi o desânimo inicial, mas nada que tenha estragado o todo.
Depois do show ainda fui parar no Velvet com minha amiga Marina da Tants, onde vimos um cover ruim de The Smiths. Mas o lugar e a conversa foram bacana e valeu o fim da noite. A volta no outro dia também ocorreu sem grandes imprevisto, parei no Outlet de Brasília onde comprei minha camiseta da Seleção Estadunidense de futebol. No fim paramos no Burger King onde comi o melhor sanduíche do mundo. BK Chicken Crisp com adicional de queijo cheddar e bacon, junto com uma reflexão sobre o relacionamento moderno.
Esse foi Guilherme Toscano diretamente do passado escrevendo sobre seu fim de semana numa época onde as pessoas escreviam em blog pra isso.


Fotos: Tiradas e Instagradas por Arthur Moraes.