quinta-feira, 25 de novembro de 2010

enCanto.

Ela cantava e encantava. Literalmente. As pessoas se hipnotizavam pela sua voz a ponto de entrarem em transe. Não estou falando metaforicamente, a voz dela tinha algum poder sobrenatural de hipnotizar as pessoas. Como era uma menina muito tímida, só na adolescência que descobriram esse poder, todos sempre a julgaram como superprotegida e mimada que conseguia tudo o que queria, mas ninguém realmente entendia que era a voz encantada dela que manipulava as pessoas, conseguindo assim tudo que ela quisesse. Mas ela não era uma pessoa ruim, ela só queria ter uma vida normal e por isso nunca tinha usado seus poderes para ganhar dinheiro ou passar alguém para trás. Com seu amadurecimento, ela foi ganhando consciência sobre seu poder o que, apesar de não controlar, pelo menos ela sabia quando falar e quando não falar. Até que chegou aquela época onde você precisa ter alguém do seu lado. Ela não aguentava mais homens que faziam tudo pra ficar com ela, realizando todos seus desejos e vontades, já que nunca teria certeza se toda aquela dedicação era por amor ou efeito do encanto produzido por sua voz. Até que ele veio puxar conversa. Ela desconfiada, respondeu. Ele explicou que tinha ficado surdo em um acidente anos atrás. Ela não acreditou. Ele falou sobre como ele tinha aprendido a ler lábios. Ela pediu que ele fosse embora. Ele não foi. Ela se apaixonou.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

No supermercado.

Ele trabalhava num caixa de supermercado e via milhares de pessoas por dia. Alguns eram simpáticos, outros só queriam sair dali o mais rápido possível, ela parecia triste. Uma moça, não muito alta, carregando um vinho e um pote de sorvete, seus olhos inchados e vermelhos, esperava na fila. Ele passando os produtos do casal de velhinhos que estava na frente dela sem tirar os olhos dela. Nunca tinha visto alguém tão puramente bonita assim em sua vida e provavelmente nunca mais veria. Ela folheava uma revista ao lado do caixa enquanto ele passava o cartão de crédito do senhor, já impaciente com a displicência do atendente. Ela se aproxima e entrega o sorvete e o vinho. Ele balbucia "boa noite", mas nada sai de sua boca. O que ele realmente queria dizer era "Não se preocupe, eu nunca mais deixarei você sofrer. Acabou a dor agora, quanta sorte termos por ter encontrado um ao outro". Ele encarava ela enquanto pegava a nota de cinquenta em sua mão como se olhasse para a Lua em um sentimento de completa impotência e perplexidade diante da imensidão daquele satélite.
- Posso te ajudar em mais alguma coisa?
Sim, deixe ele te ajudar. Deixa ele te mostrar que o mundo pode ser melhor, que vocês podem crescer juntos, que sob a proteção dele tudo fará sentido. Dê a ele a chance de tornar sua vida melhor.
- Não, obrigada.
Ela pegou o troco, a sacola com o vinho e o sorvete e foi embora. Ele via ela se afastar em direção a porta, sem prestar atenção ao próximo cliente a ser atendido. Até que ela saiu do seu campo de visão e tudo acabou. Novamente, ele só trabalhava em um caixa de supermercado. Sem grandes ambições. Sem grandes aventura. Sem grandes paixões.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Despedida.

Eles sentaram e viram o pôr-do-sol. Era a última tarde juntos. Ele, todo sentimental, fazia promessas de que nunca se afastariam, ela sabia que a distância física significava muito mais do que ele queriam aceitar. Ela preferia nem estar ali, se despedir era só mais uma tortura imposta pela sociedade, também nunca achou o pôr-do-sol tão bonito assim. E ele, cheio de lágrima, falava em como aqueles anos foram os mais intensos da vida dele, pensando que se ela ia embora, o Sol não precisava mais voltar também.Ela olhava para o horizonte, evitando encará-lo, ouvindo ele falar alguma coisa sobre o dia que se conheceram enquanto beijava sua mão e chorava copiosamente. Ela pouco entendia. Ela não estava feliz por partir e ele não estava facilitando as coisas. A cena continuou até o embarque na rodoviária: ele relembrando do passado enquanto ela olhava atônita para o nada. Ela entrou no ônibus enquanto ele gritava do lado de fora que escreveria todos os dias para ela. Ela só olhava pra ele. Ele que tinha feito tanto por ela, que tinha aberto mão de tanta coisa. O ônibus se afastava. Ele que tinha proporcionado a ela os melhores momentos de sua vida, e ia diminuindo aos poucos em sua janela. O ônibus fez a curva, e agora ela já não o via. E de repente ela chorou. Chorou como nunca tinha chorado antes. Ele, sentado no chão da rodoviária, não tinha mais suporte. Ela, sentada na poltrona do ônibus, não tinha mais razões.

domingo, 1 de agosto de 2010

A Vingança

Ele foi traído e queria vingança. Fazer o mesmo não adiantava, ela tinha que sentir o que ele sentiu e ficar "tudo igual" não era seu objetivo. O sentimento tinha que ser o mesmo. Aquela sensação de perder o chão, de levar uma facada da única pessoa em que confiava virar as costas, ela tinha que perder, assim como ele perdeu, noites em claro imaginando o porquê dele ter feito isso. Chorar até perder o ar ou se desitratar, enquanto gritava no travesseiro para não incomodar os vizinhos. Refletir sobre tudo de bom que eles passaram juntos, tudo jogado no lixo por causa de um simples ato. Um ato que poderia ter sido evitado, conversado. Um ato impulsivo, algo de momento que terá reflexo sobre o futuro dos dois. Mas o que ela tinha feito não tinha perdão. Não tem como voltar atrás, desfazer. Quanto mais ela se dizia arrependida, mais malígna eram seus planos de se vingar. Ele não tinha medo do que os outros iam pensar, até porque não tinha dúvida que lhe dariam razão. Ele decidira: ia tatuar o símbolo do Timão no peito. Só aquilo para competir a altura a traição dela, de aparecer na casa do Marcão com o uniforme do Palmeiras depois do acordo de não manifestar sua preferência em público. Quando se casaram, combinaram de nunca dizer em público para qual time torcem para evitar discórdias, se ela tinha rompido esse primeiro trato, ele já estava preparado para qualquer coisa.

sábado, 31 de julho de 2010

Rádio Cowboy #4

Alô você que estava com saudades do melhor podcast de toda interweb, estamos de volta com a 4ª edição do divertidíssimo Rádio Cowboy! E o convidado de hoje é o amigo Francis Leech, famoso videologger e ex-Réu & Condenad, dê o play aí na sua casa e curta nossos comentários sobre as músicas e artistas mais bacanas do momento (ou não, já que nosso déficit de atenção reina nessa edição).



Segue a lista de música que você vai cantarolar essa semana:
Arctic Monkeys - I Bet You Look Good On The Dance Floor
Forgotten Boys - Just Done
RPM - Rádio Pirata
The Mission - Severina
Valentina - Flashback
Shaggy - It Wasn't Me
Rock Rocket - Puro Amor Em Alto Mar
Foo Fighters - The Pretender
The Pixies - Where Is My Mind

Clique aqui se você quiser baixar e colocar no seu iPobre: Rádio Cowboy #4
Clique aqui e vá até a página de youtube do Francis!
E comentem, seus putos!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Detetive Carlos

Carlos era detetive. Detetive Carlos. Cansado de ser reprovado na prova da OAB, ele decidiu que queria um emprego maneiro. Depois de perceber que pra ser astronauta e piloto de fórmula dependia de muito mais coisas além dele, ele resolveu ser detetive. Convenceu seus pais a alugarem uma salinha em um prédio no centro da cidade, comprou uma escrivaninha, uma luminária, uma lupa e um adesivo escrito "Carlos Almeida - Detetive Particular" para colocar na porta. Anunciou em um jornal de pequena circulação na cidade e colou papéis em alguns postes. Passou as duas primeiras semanas investigando com sua lupa as infiltrações na sala que tinha alugado até chegar a conclusão de que precisava de uma linha telefônica. Telefone instalado, Carlos colocou um novo anúncio no mesmo jornal. No dia que o anúncio saiu, Carlos não saiu do lado do telefone. Ele não tocou. Carlos resolveu comprar uma poltrona para que ao menos pudesse dormir confortavelmente enquanto esperava seu primeiro cliente. Com a poltrona, o telefone e o adesivo na porta, com certeza surgiria algum cliente. E toda terça-feira Carlos colocava seu anúncio no mesmo jornal e passava o resto da semana esperando. Sua salinha já tinha tapete, quadros na parede, algumas esculturas e umas estante cheia de livros de direito penal e de sua coleção do Arthur Conan Doyle, já que seu dinheiro tinha acabado para comprar outros livros que os detetives usam (e ele também não tinha muita certeza de quais livros os detetives liam). Na falta do que fazer, começou a ler seus livros de detetive. Depois passou a ler seus livros de direito penal. Terminando todos, pegou todos seus livros de direito e releu. Refez a prova da OAB, passou e acabou sua carreira de detetive. Seus pais não importaram de sustentar seu escritório durante aqueles seis meses, o Carlinhos sempre foi daquele jeito: dava mil voltas, mas no fim chegava no seu lugar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Analisando: Backstreet Boys- Bigger (Clipe)

Esse clipe que analisarei agora é da música que foi eleita (por mim) a melhor música da década de 10, mesmo ainda faltando 10 anos para que essa década acabe, não acredito que vá surgir alguma coisa melhor do isso aí daqui pra frente não.




Começa com umas placas em japonês, agora mostra os 4 lá atrás com uma japonesa vestindo essas roupas esquisitas que japoneses vestem (parece que eles colocaram a japa pra substituir o Kevin). Opa, mestre Brian, devidamente calvo e com cabelo descolorido mostra que alguém que não gostava dele escolheu sua roupa. Pernas da japa. Cara da Japa e Nick ao fundo (guardando uma leve semelhança com jude law). Brian de novo, na faixa de pedestre com mil japoneses correndo no meio da rua. Japonês num para de trabalhar nem pra gravar o clipe, né? Close no Howie D (o mais coadjuvante do grupo) e CARALHO, O AJ VIROU UM HOMEM BOMBA. Brian de novo, passam duas minas correndo atrás pra não sair na filmagem. Uma delas tá com máscara de respirar. ALÔ-OU, gripe suína é tão last year. Abre uma porta e descobrimos que a japa que tava lá no começo com eles é uma cafetina de empregadas domésticas e foi mostrar o produto pro pessoal. Essa outra que tá na frente dela é a mais requisitada porque é a única com orelhas de gatinho. BSB cantando na frente do relojão. Howie D chamando um taxi (a produção deve ter esquecido dele), mas ele tá feliz, afinal ganha o mesmo tanto de grana que os pricinpais. Relojão. Nick Carter tomando uma com os velhinhos. Geral numa daquelas casas de samurai em que o Tigre e o Dragão voa. Todo mundo no bordel TOMANDO CHÁ e sacaneando as putinhas-empregadas fazendo elas cantarem o lalalá. Nick mostra a sola do sapato dele. AJ com um oclão pra não ser reconhecido pela Imigração e Brian tenso. Nick faz um brinde pela seleção japonesa. Brian, sendo o menor indica que todo mundo é maior que ele. Coadjuvante. AGORA TODO MUNDO BALANÇANDO OS BRACINHOS! Japão, japão e AJ. AJ que sempre foi o mais estiloso, se mostra totalmente overdressed com essa combinação cavanhaque, costeleta e touca. Coadjuvante cantando no taxi pra passar o tempo. Galera sacaneando um japones. Nick mandando um pagodão na xícara e geral sacaneando um japonês que trabalha no karaoke. Todo mundo no karaoke, ê! Uma japonês de peruca, pijama e oculos escuros DANÇANDO ATRÁS DO AJ. Agora a japonesada do karaoke mandando o lalalá. Nick parece alguém que imita boy bands. Brian sentado na faixa de pedestre, achando que japonês é bagunça. Howie em sua chance de brilhar, mas chama uma japonesa pra dividir o microfone. Brian se revolta com o próprio visual e resolve trocar o lenço árabe dele por um gravata. Howie D sozinho fazendo um back maneiro porque ele chegou no lugar combinado com a produção e não tinha ninguém lá. Chá com bolo no puteiro. Nick olhando umas muambas. AJ, unico hétero dessa bagaça, coloca uma puta no colo pra ganhar bolo na boca. Pirando no karaoke, depois pirando no videogame. TODO MUNDO NO KARAOKE. AJ, que não é só um rostinho muçulmano, vai rezar pra Buda. Nick roubando um boné dum japonês. No chá, Ô! ÓIA O NICK CAINDO NO CHÃO, MALANDRO! Nick se levanta e fica pulando como se dissesse "to de boa, to de boa". Nick pede um churrasquinho de gato. Agora vai todo mundo pirar num aquario. As putinhas pirando no fim da música e a galera do karaole curtiu! YUHUL! NOTA DEZ!

Mas, o que rolou nesse clipe, né? A história é o seguinte, depois de dez anos parados (e com a saída do Kevin), os BSB já não pegavam ninguém, aí o que eles fizeram? Foram pro Japão contratar umas 20 prostitutas. Só que chegando lá, eles (com exceção do AJ) não deram no couro, então foi um puta dinheiro mal gasto. Saíram de lá e foram pro karaokê. Só que esqueceram o Howie D (que apesar de ser o mais antigo na banda, é um mero coadjuvante que ninguém lembra), que teve que ir de taxi. Depois do karaokê eles passaram no relojão pra ver que já era hora de voltar pros Estados Unidos e fim.