quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Porta.

Eu nem lembro mais a quanto tempo está aberta, ela sempre esteve assim e eu não me incomodei de fechar. Eu também sempre estive aqui, falando com quem quisesse ouvir, recebendo quem quisesse entrar. Os mistérios sobre mim organizados sobre a mesa, minhas inseguranças escancaradas, meus desejos mais internos e minhas falas complicadas. O livro não estava aberto, mas estava escrito em linguagem fácil e colorido, pra quem se desse ao trabalho de folhear. E se o desenho na capa não é tão bonito, o conteúdo é simples de relacionar. Nunca me senti confortável em obrigar, convites parecem mais justos, quem tiver interesse em ficar, será bem recebido sem custo. Mas a porta aberta traz uma consequência, que nenhuma ciência há de explicar, que quando a estadia não agrada a porta está aberta pra quem não quiser ficar. E assim, me faço período, percurso, momento na vida do outro. Do meu canto um esforço gigante em me fazer relevante. Pois se a passagem por aqui valer a pena, ela traz volta, até que chegue então a hora de eu me levantar e trancar a porta pelo lado de fora.

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