quarta-feira, 25 de abril de 2018

Sem alarmes.

É difícil explicar pra quem está fora da minha cabeça o simbolismo dos meus últimos passos. Os últimos meses tem sido transformadores internamente. Depois de anos com medo de encarar tudo o que eu escondi em uma espécie de máscara social, a ponto dela se confundir com minha proópria personalidade, estou sendo obrigado a investigar mais profundamente o que realmente sou no meio de tudo o que eu construí. O primeiro passo foi me livrar do outro. Não totalmente, como se me isolar da sociedade fosse a solução de alguma coisa, não é. Mas entender melhor o equilíbrio entre o que eu posso fazer pelas outras pessoas sem anular o que eu tenho que fazer pra mim, e mesmo entender quando estou fazendo por mim enquanto faço por outras pessoas. Sou assim, ou me construí assim, não tem como fugir muito disso. Mas dentro de um compromisso pessoal com a empatia, me perdi sobre onde eu mesmo estava. Ao mesmo tempo, minha lógica matemática que me trouxe tão longe, a ponto de virem até mim em busca de conselhos e caminhos, que eu mesmo só descubro quando externalizo, também reprimiu outros fatores do que me faz eu. Vendo o emocional e o sentimento como um obstáculo para tomar as melhores decisões, fui aos poucos parando de reconhecê-las. Mas os últimos meses (e anos, talvez), me jogaram para baixo de uma maneira tão forte, que mesmo negando, eu sentia. E sentia demais cada fracasso e frustração em relação ao outro. Amizades, amores, trabalho. Tudo que não dependia de mim e, por consequência não seguia minha própria lógica e linha moral, me afetava demais. Porque as pessoas não estão nem aí pro que eu penso, muito menos por fazer. Daí surgiu a necessidade de fazer mais por mim. Necessidade eu digo no sentido restrito da palavra, de "precisar mesmo". Me derrubaram e eu precisava levantar. Com passos lentos e olhando para os dois lados antes de atravessar, estou ressignificando minha relação comigo mesmo. Descobrindo meus espaços, meus limites. Permitindo-me andar por aí sem objetivos, ter programas sem outras pessoas, entendendo até onde consigo ajudar e até onde me prejudico em abrir mão de mim. E domingo foi isso. Estava onde eu queria estar, vivendo algo que eu tinha me negado a viver por não me julgar merecedor e não aproveitar oportunidades que requeriam sacrifícios. Era uma homenagem a quem eu fui e um marco pra quem eu sou. Vivi aquela experiência por completo, da maneira que eu queria, isolado dos outros e introspectivo como poucas pessoas tiveram oportunidade de me ver (ou me perceber) nessa vida. Aquele momento, que pode ter durado duas horas sem eu nem ao menos perceber, foi meu apenas. Mesmo cercado de trinta mil pessoas, eu nunca estive tão sozinho e bem com isso. Quando o momento acabou, e me obrigaram a voltar pra realidade nem que fosse pra eu tomar o rumo de casa, eu desmontei. Incapaz de reagir ou me comunicar, eu simplesmente fiquei lá, parado, digerindo que eu tinha acabado de viver. Não sei se daqui a alguns anos esse momento vai ser tão marcante, mas posso dizer que foi agora. Por tudo que eu tenho pensado e tentado aplicar na minha vida, pelas pessoas que estão hoje do meu lado, pelo meu processo terapêutico. Estou no caminho que eu queria e acho necessário estar. Nem sempre é um caminho feliz, mas sei que estarei mais leve no final.

I'm on the mend. At least now I can say that I'm trying. Hope you will forget things I still lack.

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