quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Branco.


Ele acordou numa sala branca. Todos já conhecem o contexto. Não lembrava como tinha chegado ali e a porta em sua frente estava trancada. Gastou as primeiras duas horas tentando abrir a porta, chegou a tentar arrombá-la, mas eventualmente desistiu. Começou a repensar o que ele teria feito para alguém o prender daquela maneira. Vivera de maneira patética até então, sem grandes impactos na vida dos outros. Talvez aquela ex-namorada o qual nunca teve coragem de encontrá-la depois do término. Nem para avisá-la que tinham terminado. Ela com certeza teria motivos para prendê-lo. O pai dela tinha alguma relação com militares, mas ele não conseguia se lembrar exatamente qual. Apesar que ela era um doce de pessoa, não faria mal a ninguém. Um colega de trabalho, talvez? Ele tinha crescido relativamente rápido dentro da empresa, poderia ter causado inveja de alguém. A quem ele queria enganar? Ninguém se importava com o cargo que ele ocupava. E, na verdade, só tinha chegado até ali por uma coincidência de fatores de pessoas deixando suas vagas para ir para lugares melhores e não ter ninguém mais adequado para substituí-las. Ele sempre desconfiara que o senhor dono da banca de revistas o olhava torto. Talvez pela maneira como ele pedia o jornal, podia soar arrogante. Ele não tinha muitos amigos, quanto menos inimigos. Não era alguém que se destacava muito.  A luz sempre ligada e a falta de janelas não o deixava saber quanto tempo estava ali pensando sobre tudo.

Ele começou a ouvir um barulho de conversa através da porta. barulho de fechadura. A luz apagou, um barulho como se um gás fosse liberado na sala. A porta abriu, e pelo contraste da luz lá fora e o gás, duas pessoas disformes e mascaradas. Sua visão já turva, suas pernas enfraqueceram. Só conseguiu ouvir ao longe "Como vocês me pegam o cara errado…".

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