quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A Despedida.

Eles sentaram e viram o pôr-do-sol. Era a última tarde juntos. Ele, todo sentimental, fazia promessas de que nunca se afastariam, ela sabia que a distância física significava muito mais do que ele queriam aceitar. Ela preferia nem estar ali, se despedir era só mais uma tortura imposta pela sociedade, também nunca achou o pôr-do-sol tão bonito assim. E ele, cheio de lágrima, falava em como aqueles anos foram os mais intensos da vida dele, pensando que se ela ia embora, o Sol não precisava mais voltar também.Ela olhava para o horizonte, evitando encará-lo, ouvindo ele falar alguma coisa sobre o dia que se conheceram enquanto beijava sua mão e chorava copiosamente. Ela pouco entendia. Ela não estava feliz por partir e ele não estava facilitando as coisas. A cena continuou até o embarque na rodoviária: ele relembrando do passado enquanto ela olhava atônita para o nada. Ela entrou no ônibus enquanto ele gritava do lado de fora que escreveria todos os dias para ela. Ela só olhava pra ele. Ele que tinha feito tanto por ela, que tinha aberto mão de tanta coisa. O ônibus se afastava. Ele que tinha proporcionado a ela os melhores momentos de sua vida, e ia diminuindo aos poucos em sua janela. O ônibus fez a curva, e agora ela já não o via. E de repente ela chorou. Chorou como nunca tinha chorado antes. Ele, sentado no chão da rodoviária, não tinha mais suporte. Ela, sentada na poltrona do ônibus, não tinha mais razões.

domingo, 1 de agosto de 2010

A Vingança

Ele foi traído e queria vingança. Fazer o mesmo não adiantava, ela tinha que sentir o que ele sentiu e ficar "tudo igual" não era seu objetivo. O sentimento tinha que ser o mesmo. Aquela sensação de perder o chão, de levar uma facada da única pessoa em que confiava virar as costas, ela tinha que perder, assim como ele perdeu, noites em claro imaginando o porquê dele ter feito isso. Chorar até perder o ar ou se desitratar, enquanto gritava no travesseiro para não incomodar os vizinhos. Refletir sobre tudo de bom que eles passaram juntos, tudo jogado no lixo por causa de um simples ato. Um ato que poderia ter sido evitado, conversado. Um ato impulsivo, algo de momento que terá reflexo sobre o futuro dos dois. Mas o que ela tinha feito não tinha perdão. Não tem como voltar atrás, desfazer. Quanto mais ela se dizia arrependida, mais malígna eram seus planos de se vingar. Ele não tinha medo do que os outros iam pensar, até porque não tinha dúvida que lhe dariam razão. Ele decidira: ia tatuar o símbolo do Timão no peito. Só aquilo para competir a altura a traição dela, de aparecer na casa do Marcão com o uniforme do Palmeiras depois do acordo de não manifestar sua preferência em público. Quando se casaram, combinaram de nunca dizer em público para qual time torcem para evitar discórdias, se ela tinha rompido esse primeiro trato, ele já estava preparado para qualquer coisa.