sexta-feira, 26 de novembro de 2021

O livro.

Lhes dei um livro de despedida
Onde eu contava parte da minha vida
Mais especificamente a sua parte
A arte se mostra de formas estranhas

Minhas entranhas em poema métrico
Registro fosco de um olhar de encanto
Pai, filho, espírito santo
Olhando por cima em um salão simétrico

A ótica na forma de um passado recente
A mente viaja pra salões vazios
O riso e o choro com marcas recentes
A coberta quente em um canto frio

Eu busco memórias positivas
Sentado em frustrado presente
Encontra a história e reviva
Depois volte a olhar pra frente

Hoje eu olho distante pro livro
Como ponto final e partida
Não ressinto mais essa vida
Começo de novo o que vivo

Em poema
Ganhei a liberdade
De amar quem vocês
São de verdade

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Crisálida.

Foram duas ou três horas que eu não existi. Estava no meu quarto escuro absorvido por amenidades na internet e simplesmente não existi.
Não existi pro outro e pouco existi pra mim.
Me senti a lagarta dentro da crisálida
Onde sua forma se remonta.
Mesmo consciente eu não estava ali.
Meu corpo não era físico, minha presença não existia.
A árvore que cai sozinha na floresta
E não faz barulho.
Mas quem está lá pra notar?
Não era um bom lugar, esses momentos me assustam.
E chegam com frequência nos momentos mais banais.
Não nos momentos de solidão, mas no vácuo da presença.
Naquelas horas onde eu não devia estar mas estava.
Podia estender um braço, uma mensagem, uma ligação.
Mas me faltava forma física para realizar.
Até que desisti.
E ao ir dormir, meu maior receio era
Será se ainda vou existir quando alguém me alcançar amanhã?