quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Nas montanhas.

Entro como quem entra em um lugar não-reconhecível. Longe de apenas desconhecido, um lugar onde a geometria não segue as regras padrões. Ângulos impossíveis e caminhos improváveis. Assustado com o que meus olhos desentendem, ando sem rumo em busca de uma porta, ponte ou qualquer coisa que simplesmente faça sentido. A solidão ecoa de formas pouco prováveis e o silêncio se mostra mais presente do que nunca. A presença da ausência incomoda, a contradição se manifesta de forma física e dói. Cada passo pede um esforço muito maior do que o previsto, como se a gravidade trabalhasse contra em todas as direções. Nem a textura das paredes meus dedos reconhecem, como se tudo fosse ligeiramente diferente de propósito. A luz bate como na borracha mas o toque sente o aço frio. O corpo pesa mas a necessidade de resposta luta contra. A caminhada continua enquanto a montanha segue. Sem saída, continuo em busca de um mísero sinal de sanidade fora ou dentro de mim.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Ressaca.

Entre a cortina, um raio de sol ilumina parte do seu rosto.
O gosto da ressaca, a cabeça dói, a mente fraca.
A água falta, desidrata.
A noite passada se esconde em mistério.
O critério, cada vez menor, reflete em arrependimentos.
O pensamento a mil, confuso, febril.
O corpo retorce, abraço e aceito.
Porque o que foi feito acaba tendo pouco efeito num panorama geral.
E se o corpo passa mal, que sirva de aprendizado
De que o passado volta pra assombrar no dia seguinte
Mas outros dias seguem.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Última balada.

Numa tarde de domingo de um dia nublado,
seu sorriso e risada preenchiam meu quarto.
No meu violão uma balada triste
que você acompanhava num rima livre.
As roupas jogadas como quem não tem pressa.
a fotografia pegava o detalhe.

Numa noite de domingo de um dia chuvoso,
seu sorriso nervoso dizia o que eu não queria ouvir.
A meia-luz destacava a meia-lua no chão,
a lua cheia iluminava o colchão.
"Uma última balada?", eu pedi,
mas perdi, você já tinha ido.