quarta-feira, 22 de abril de 2020

Ajuda.

Vejo sua mão esticada oferecendo ajuda
Mas quando tento alcancá-la sua feição muda
O sorriso se fecha
Seu olhar se perde
Meu corpo cede e se deixa ir

Levado pelo mar pra cada vez mais longe
Sem forças pra nadar e sem saber pra onde
Você virá um borrão
Um detalhe, uma lembrança
Uma dança que eu não soube

À deriva, novamente, mar por todos os lados
A água fria e o sol quente, em equilíbrio forçado
Quanto tempo eu tenho
Pra lembrar da gente
Até eu me perder completamente

Na escuridão, meu corpo desliga
Um brinquedo que acabou a pilha
E afunda pesado no oceano
Se perguntando
Se era mesmo esse o plano

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Muros.

As paredes não me dão mais senso
Se perderam entre o momento e o começo
Faz tanto tempo que não saio de mim
Que duvido que eu deixe de ser assim
Repito os padrões agora em jaula
As mesmas lições nas mesmas aulas
A mesma comida servida sozinha
As mesmas louças se acumulam na pia
Tento ao menos me sentir produtivo
Basear quem eu sou em um flash criativo
Conto para os outros como se fosse vantagem
Tentando me convencer que não perdi a viagem

Mas sem passagem de volta, 
Sem lugar pra voltar
Sem ânimo de revolta
Sem causa pra lutar

Quem eu sou quando estou preso
E quando me tiram o futuro?
Quem eu sou quando o presente
Me prende dentro de um muros?

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Caleidoscópio 5.

No corredor escuro vejo a luz no fundo
Um mundo de cores se refrata então
Espelhos sobrepostos sobre rostos felizes
Disfarçando por dentro sua escuridão
O corpo se move em outra direção
Contra a luz e contra-indicação
Qual o remédio em tempos sozinhos?
Sombrio é o futuro de quem não segura a mão
A gente corre mas o fim não vem
O futuro vem no seu tempo
Um passo em falso onde chão não tem
Olho turvo, dor cegante
Caleidoscópio monocor frustrante
Quando procurar alguém pra te proteger do frio
Lembre-se que sozinho vai mais longe, mas vai sozinho