quarta-feira, 29 de março de 2017

Viagem no tempo.

Qual foi a música, sabor ou cheiro
Que me levou através do tempo
para o dia que conheci você?

E estando aqui agora, 
me diz ainda se demora
Pro nosso beijo acontecer.

A mão suada me entrega,
Seu nervosismo não nega.
Aconteceu o que era pra ser.

E se hoje eu vejo 
Com carinho aquele beijo
Sei que deixo muito mais do que uma boa impressão

Porque o tempo muda tudo
Trabalho, viagens, estudo
Mas não apaga o que marcou pra sempre o coração.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Leve atraso.

Você você indo embora me fez faltar o ar,
Grito mas você ignora o que eu quero falar
O tempo passa como um relógio de engrenagens ruins
Esquecendo que o tempo corre contra mim
E quando o tempo passa e você não vê
O ponteiro atrasa e passa sobre você
Pesando os anos nas costas de quem não espera
A hora de largar as armas e sair da guerra.
Escuto o eco dentro de mim de não ser alguém,
A cobrança de chegar em um lugar e de ir além
O que o futuro me reserva não quero saber

Deixo que o tempo, na hora certa, mostre o que vai ser.

quarta-feira, 22 de março de 2017

Caleidoscópio 3.

Piso com cuidado no espelho quebrado sobre o chão.
Vejo, perplexo, o reflexo do sangue pingando das minhas mãos.
O sol do fim da tarde invade 
e ilumina de baixo pra cima o copo no balcão.
Meu cérebro em ópio não enxerga ao certo a imagem formada em pedaços.
Como em caleidoscópio, visto bem de perto, um rosto rabiscado por traços.
Tento em vão limpar o chão manchado de mim.
Mas o pano vermelho só espalha o espelho adiando seu fim.
A parede marcada denuncia o descuido,
coagulado o fluido, posso ir embora enfim.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Luta.


Cada um é o herói da própria história. Cada um sabe os seus motivos e justificativas que relativizam a dor causada no outro. Somos sempre a vítima, o sobrevivente contra tudo e contra todos. Um complô do mundo para nos fazer mal. Mocinhos e bandidos dividindo os mesmos gatilhos. Não muda nem a roupa, muda só o ponto de vista. Na régua para medir quem causou o menor mal, a dor de cada um é imensurável. Não há fita métrica para comparar os sacrifícios de um lado que gerou o sofrimento do outro. Na nossa cabeça, estamos sendo prejudicados pelo destino, quando na verdade a vida segue. A gente cai é pra levantar mesmo, o segredo é o cuidado de não derrubar ninguém no caminho. O cuidado de ser sincero com os outros e com você mesmo. De entender seus próprios sentimentos e saber a hora certa de colocá-los como prioridade. O mundo não gira em torno da gente, não conspira contra a gente. A folha cai, o rio corre e a gente… a gente é pequeno demais no todo. No tempo e no espaço. O planeta sobrevive sem a gente, mas a gente precisa um do outro. Então, vamos só ter cuidado, ser leal, ser humilde, ser honesto com nossos sentimentos. Não precisamos de vilões e planos mirabolantes. Somos só pessoas tentando fazer o melhor com a vida que a gente tem. As batalhas são inúmeras, todos os dias por todos os frontes. Que nossas lutas sejam justas.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Para Michel.

Presidente,
A gente entende. 
É triste aí de cima
Não ter ninguém pra te ouvir.

Os seus amigos, decorativos
Ao menos riam pra te ver sorrir.

Mas agora, no salão vazio,
Um vento frio entra na janela
Deixada pela Marcela
Pro pequeno Michelzinho poder dormir.

A luz da vela ilumina mal
O poema rabiscado no jornal.
Não liga com medo de que ela atenda
Mas ela te ouvia, a presidenta.
Num neologismo incorreto,
queria você
ser o nosso poeto.