sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Punchline.


Ele te pegou pela mão, te afastou do grupo, apontou para o céu e começou a recitar um poema. Meio que de brincadeira ele começou e então parou, não por receio, não por esquecimento, mas por ignorância de como era o fim do poema. Mal sabia ele que era exatamente tudo o que ele queria dizer. Que o tom de humor que ele começou o primeiro verso se dissiparia com o peso não planejado daquelas palavras. Ele não estava pronto para dizê-las, nunca saberemos se você estava pronto pra ouvi-las. E ali, como muitas vezes antes e muitas vezes depois, abriu-se um ponto paralelo. O que teria acontecido se... Um coração temeroso considera todas as condições negativas para uma ação, ele nunca teria começado a recitar se soubesse o final. Não era o lugar, não era a situação e não eram as testemunhas ideais para que acontecesse. Precisava ser só ele, você e a lua. Ninguém para julgar a tentativa e possível negativa. Ninguém para comentar caso fosse um sucesso. Mas ainda assim, não foi medo, foi ignorância. Ele não continuou até o final, ele não disse o que queria (e precisava) dizer naquela hora porque simplesmente não sabia que as palavras que ele tanto ensaiara estava ali, dois versos a frente. Dois versos que o separou de um futuro feliz ao lado da mulher que ele tanto ama. Você. E você sabia o final do poema, esperou que ele completasse e te tomasse nos braços, ou torceu que ele simplesmente parasse ali para que você pudesse voltar pro grupo. Não cabe a ele saber a verdade. Não cabe a mim contar pra ele como o poema acaba. Ele nunca vai se perdoar. Se deve-se aproveitar a chance quando a tem, essa é só mais uma entre todas as que ele perdeu.