segunda-feira, 29 de junho de 2020

Domo.

Veste teu pronome preferido
Marca a barra do vestido
Como quem escreve em árvore
Ou esculpe em mármore
O rosto de dois amantes

Deixa teu padrão em casa
Se permita ser um novo você
Sai na janela e expande sua asa
Alçando vôos sem brevê
Não importa o que veio antes

Quando você se torna o que se é
É mais fácil ver o que não somos
O sapato de cristal entra no pé
Você sai da proteção do domo
Pois se sentia pequeno mas está gigante

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Você não é meu mundo.

Você não é meu mundo
A casa que eu moro
A cama que eu durmo
A lágrima que eu choro
Você não é o que eu visto
E o que eu falo pros outros
Prêmios que conquisto
Comida que eu como
Você também não é
A história que eu conto
A memória que volta
O rosto que desaponto
O momento de revolta

Você é o universo
O próprio tecido da realidade
O tempo além da idade
O poema além do verso
Você é a mecânica dos átomos 
O choque do elétrons
A realidade quântica
De que tanta gente tem medo
Você é o próprio toque
O impulso gerado
No olho, o desfoque
No tempo marcado

E eu sou só o ponto
Distante referencial
Do movimento constante
Sou ponto final.