sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sobre Tarantino e referências.

Surgiu hoje em minha timeline através do mestre Pedro Henrique Mota, um texto que falava sobre como o Tarantino não era tão maneiro assim porque tudo que ele fazia era copiar mil outros filmes de outras épocas, juntar tudo e isso dava o filme dele. Pra continuar a partir daqui você deve:

a) Ser fã do Tarantino ou de cinema em geral
b) Ler esse texto aqui: http://cinemacomrapadura.com.br/colunas/acme/190150/acme-o-que-quentin-tarantino-faz-e-homenagem-ou-plagio/

Pronto. Você leu o link acima, está chocado como todos nós. Como alguém pode falar assim do lindo do Samuel Rosa americano. Mas se você continua aqui ainda, você quer saber o que eu acho disso tudo, né? Então, o que eu acho está nesse texto aqui ó:

- http://omenestrelmudo.blogspot.com/2011/02/referencias.html

Esse texto acima, como vocês devem ter percebido, não foi escrito por mim, e sim pelo Arthur Moraes. Mas o que eu acho é isso aí mesmo. Referência é tudo e gênio é aquele que melhor saber usar as melhores referências.

Pra finalizar, você (provavelmente ninguém realmente) que chegou até aqui depois de ler todos esses textos, gostaria de ver os comentários e a repercussão disso tudo. Como ninguém vai comentar nada aqui, colo mais um link, com um comentário do último texto, feito pelo também amigo e personagem Che Sobreira:

- http://memoriasdocaos.blogspot.com/2011/02/comentario-respeito-de-referencias.html

E se uma, apenas uma pessoa, comentar aqui me convencendo de que leu os textos e dando uma opinião interessante, bem, todos os plágios do Tarantino terão valido a pena.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A última canção

Ele olhou para frente e estava lotado. Lotado mais ou menos, já que o lugar não era tão grande. Umas 60 pessoas já lotava lá. Devia ter umas 100. Todos suados, se empurrando para tentar chegar na frente. Tinha gente até sem camisa já. Olhou pro chão, o set list já rasgado e pisado, mas ainda preso, debaixo da base do microfone, era agora. André, meio alcoolizado, empunhando a Gibson Explorer herdada do pai, chega no seu ouvido e grita "Bota pra fuder, velho". Marcos, na bateria, com o maior sorriso que já tinha dado na vida, concorda com a cabeça e começa a contar. O público vai a loucura só de reconhecer a próxima música. Ele acompanhava a contagem da bateria batendo no microfone. Aquelas pastilhas pra garganta realmente vieram a calhar, sua voz não estava boa desde o ensaio de quinta-feira. Quando o Paulo começou aquele riff no baixo, ele pode jurar que viu um sujeito começar a chorar. Todos entraram, só faltava ele. No primeiro verso, meio gritado, meio cuspido, ele já não ouvia sua própria voz. O retorno estava funcionando perfeitamente, era o público que o impediu. E assim continuou, ele meio que dublando a própria canção enquanto o público repetia aqueles versos bobos de adolescente revoltado com o fato de não ter com o que se revoltar. Bem na frente do palco, quatro caras berrando a letra enquanto se espremiam na multidão. O André sabia bem mexer com eles, fingia que ia jogar a guitarra, brincava com o público e não errava uma nota, aquele bêbado filho da puta. Marcos tinha o público e a banda nas mãos, controlando a velocidade da noite enquanto rodava a baqueta entre os dedos. O público tinha decorado todos os versos. É agora, agora o momento que todos esperávamos. Aquela pausa milidecimal de segundo entre o último verso da estrofe e o começo do refrão. Nesse instante, a banda e o público estão parados no ar. Espero que alguém consiga tirar uma foto. O refrão começa e o público não está mais olhando para o palco. Os caras lá embaixo se empurram e se batem numa bagunça ordenada, daquelas que quem está de fora nunca vai entender. Ele, arrepiado, grita o refrão como agradecimento àqueles caras que estão com ele e àqueles que se deram ao trabalho de estar ali. Paulo o completa com os backing-vocals, ele também nunca esteve tão feliz. Os versos voltam mas a roda não para. Os caras começam a usar o retorno como base para pular em cima um dos outros. Dois caras tomam o microfone do Paulo e cantam, totalmente fora do tom, mas naquela empolgação. Um deles tropeça no cabo do André, o público nem percebe que a segunda estrofe foi quase inteira sem a guitarra. O refrão de novo e ele simplesmente entrega o microfone para um grupo que estava na beira do palco, toma distância e salta. Enquanto era segurado no ar pelo público, ele tentava ouvir cada voz que tava cantando sua letra, cada jovem que pensa como ele. O público o põe no chão a tempo de voltar pro palco e cantar o último refrão. Esses caras não cansam de se empurrar e fazer moshs e gritar os versos como se a gente fosse os Beatles, caralho. E o refrão termina com o resto da banda, todos sincronizados e guiados pelo mestre Marcos. Só se ouve aplausos e gritos. Ele fica imóvel observando a reação do público, boquiaberto como se estivesse na frente da Mona Lisa. Ele só volta a si quando André o abraça meio sem jeito, com a guitarra entre eles, e gritando no seu ouvido "Obrigado". Aquilo no seu rosto era lágrima ou era suor? Provavelmente os dois.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Primetime

Ali mesmo, enquanto assistia as propagandas em meio a mais um episódio da série (que não era sua favorita mas era a que estava passando no momento), ele teve a revelação: e se sua vida for uma série de TV? Até que poderia fazer sentido, a cada ano novas pessoas entravam na sua vida, outras saíam. As vezes mudava o ambiente também, mas na maioria sempre mantinham os mesmo lugares. Sem contar que alguns amigos (e mesmo seus pais) sempre interpretaram muito mal o papel que cada um tinha sido proposto. Seria uma comédia? Bem, acho que não, visto que ele não era tão engraçado assim. Então era um drama. Apesar que... bem, não aconteciam coisas tão emocionantes na vida dele para dizer que era um drama de sucesso. Policial com certeza não era. Talvez era uma série menor, de menor audiência. Por isso não precisava ter acontecimentos tão marcantes ou personagens tão expressivos. "O Bernardo lá da faculdade é bem expressivo, né? O Bernardo sim mereceria um seriado só dele. Quem sabe um spin-off quando se cansarem de mim". Foi quando ele sentiu o soco metafórico atingindo-o sem dó e em slow motion. A metáfora era tão forte que quase o derrubou do sofá e ele já conseguia sentir o gosto de sangue na boca. Ele simplesmente não era o protagonista da série de sua vida (se é que ele ainda podia chamar dessa maneira). Existiam outras pessoas mais interessantes no mundo, por que ele seria o protagonista? Ele não era engraçado, não tinha personalidade, não lutava pelo que queria. Ele era só um coadjuvante, ou quem sabe apenas um figurante. Um figurante, com certeza era só um figurante. "E agora, voltamos com...", as propagandas acabaram, finalmente.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Todas as canções de amor devem ser fáceis de tocar.

As grandes canções de amor obrigatoriamente devem ser fáceis de tocar, e fáceis de se memorizar também. Porque todos teremos de nos declarar ou desabafar sobre amor em algum momento da vida e é injusto termos que fazer cinco anos de aula de violão e canto lírico para simplesmente tocar uma canção de amor. Todos devem ter seu momento de fama em uma roda de violão, de preferência com as meninas suspirando e os meninos cantando junto baixinho. Ou mesmo sozinho no quarto chorando enquanto repete as palavras de seus ídolos. O caráter universal desse sentimento (ou até mais da ausência dele) faz com que cada palavra seja verdadeira na maioria dos casos, independente de quem as está dizendo. Assim se você especifica sua canção de amor, colocando um nome, por exemplo, você dificulta que sua geração (e as próximas gerações) se identifique com o que você diz. Faça canções de amor, mas deixe seu virtuosismo técnico e lírico para as outras canções.

Por um mundo onde qualquer um possa se declarar ou chorar empunhando um violão.


Em breve, esse desabafo também estará em forma de canção.