terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Vestibular,

eu sei que não é a hora ainda, que eu deveria esperar até fevereiro, mas eu já queria escrever sobre isso há mais tempo e vou aproveitar que hoje sairá a qualquer momento o resultado da primeira fase da federal de goiás (que prestei pra publicidade e propaganda) e falarei sobre isso agora: o dia que saiu o resultado da federal ano passado não foi o dia mais feliz da minha vida. entendo que pra muita gente foi, muita gente queria mais que tudo passar e quando viu seu resultado na lista de aprovados entrou num estágio superior a felicidade. não entremos no mérito de que não era realmente o curso que eu queria, isso não vem ao caso. prestei pra matemática ano passado e tinha ido muito bem na primeira fase e tinha plena consciência de que tinha ido muito bem na segunda, então a vaga era praticamente garantida. sem contar que o resultado da federal de minas gerais já tinha sido divulgado e eu já tinha sido aprovado. o problema é que eu sou muito confiante (ou pelo menos demonstro ser muito confiante para as pessoas), então a pressão sobre mim sempre foi muito grande. o clima de "já passou" tem um peso imenso e não é nada fácil carregar. o que mais me incomodou aquele dia era um sentimento ínfimo que estava dentro de mim, um sentimento de "e se...". e se eu não passasse? se por algum motivo, erro de correção, alguma coisa na redação, qualquer coisa, eu não passasse? e se meu nome não estivesse na lista dos aprovados por algum erro de digitação ou algo assim? esse sentimento que me angustiava. e provavelmente me angustiava mais do que todos que estavam comigo lá na casa do meu amigo esperando o resultado. apesar da aparente tranquilidade e confiança que eu demonstro sempre, eu era o único lá (e provavelmente um dos poucos em todo o vestibular) que não trabalhava com a possibilidade de não passar. eu não saberia o que fazer se não passasse na universidade federal de goiás. não saberia como agir, o que dizer, como ligar pra minha mãe e meus parentes em belo horizonte pra informar eles. nem como olhar pra minha namorada e meus amigos que tanto confiavam em mim. eu era o único que "já tinha passado". mas eu não tinha passado ainda. não, meu nome não estava na lista dos aprovados. sei que a concorrência foi ridícula, o ponto de corte da primeira fase foi ridículo, e todos os outros fatores ridículos que davam minha vaga como garantida, mas pra mim enquanto eu não lesse meu nome na lista de aprovados, não tem nada certo. e ainda assim eu não planejei nada pra o que fazer se ele não estivesse lá. eu não trabalhava com a possibilidade de não passar. quando finalmente consegui ver meu nome na lista dos aprovados, o que eu senti não era felicidade. já fui e sou feliz em vários momentos da minha vida e, com certeza, o que eu senti aquele dia não era felicidade. eu descreveria mais como um alívio. um alívio de não ter desapontado as pessoas. um alívio de não ter me desapontado. de não ter que olhar pra ninguém nos olhos e falar "pois é, não passei, quem imaginaria, não é?". eu não conseguiria conviver com isso. e o que é mais foda nisso é que hoje, depois de pouco menos de um ano, eu prestando vestibular de novo, eu ainda não trabalho com a possibilidade de não passar. e sei que no dia que sairão os resultados da segunda fase novamente, o que me atingirá será a agonia da incerteza que só eu tenho, já que todos apostam em mim e tem tanta certeza da minha aprovação. e mais uma vez, não será um dia de felicidade, e sim outro dia de alívio. eu espero.