segunda-feira, 10 de agosto de 2020

O acaso.

O acaso às vezes apronta uma, né. Voltando da escola, começando o segundo semestre, depois de meses de incerteza sobre aulas onlines e/ou presenciais, sem saber direito como as coisas seriam por agora. Na primeira aula de direção (de cinema, não de carro), o professor começa a indicar que provavelmente vamos usar o roteiro que eu escrevi no semestre anterior com a produção. Fiquei feliz do meu jeito, com todos os pés atrás até realmente as coisas acontecerem. Mas, no caminho de volta, bateu. Bateu demais o quanto as últimas semanas eu tenho ficado triste, preocupado com dinheiro, com minha cabeça. Bateu demais o quanto tem sido frustrante procurar emprego em um momento onde ninguém está contratando, mesmo os trabalhos que eu nem queria pegar. Bateu demais se sentir sozinho, longe dos meus amigos, da minha família, de todo mundo que eu amo, e não saber direito o que vai ser daqui pra frente. Hoje um dos professores me perguntou por quanto tempo eu consigo me manter ainda. Mais um mês? Dois? Não sei. E nisso me deu uma vontade de chorar gigante. E foi tentando ao máximo segurar pra não chorar muito na rua que fui andando até uma pracinha pequena no caminho, pra eu ficar sozinho um tempo e poder tirar isso de dentro de mim. Mas o acaso, né. Logo que eu sentei uma senhora bem velhinha chegou com seus cachorros e ficou conversando comigo, um dos cachorros parou do meu lado pra pedir carinho. Foi bom, me distraiu, tirou um pouco o peso do que eu tava carregando. Ela perguntou se eu era novo ali (me mudei tem uma semana), me contou do neto que voltou a estudar esse semana também e que tinha muito tempo que não fazia tanto frio, que era pra eu me agasalhar mais. Eu, mais calmo, agradeci a preocupação e a conversa e voltei pra casa sorrindo.

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