quinta-feira, 1 de agosto de 2019

O texto.

Era a terceira vez que ele começava a escrever e jogava tudo fora. As palavras não pareciam expressar o que ele sentia, mas urgia a necessidade de escrever. O lápis e o caderno, plataformas obsoletas, só geraram rabiscos e mais lixos, seguidos novamente pela culpa em relação às àrvores, mas a tela branca do computador também não estava fazendo efeito. Decidiu narrar todo seu processo como forma de começar algo. Começou escolhendo sua posição na cama, de forma a não superaquecer o computador e não cansar seus músculos enquanto escrevia. Abriu o primeiro editor de texto que viu e deu a chance das palavras saírem. Depois da primeira vez, já tinha entendido mais ou menos o formato que queria para seu texto, mas apagou tudo e tentou recomeçar do zero. Outras palavras, outros pensamentos para passar a mesma ideia. Por alguns segundos se arrependeu de ter apagado tudo, era melhor ter continuado de onde estava e depois reeditar, mas a segunda vez fluiu melhor. Quando travou em uma forma de acabar o texto, decidiu apagar novamente e recomeçá-lo. Sabia que mesmo sabendo o destino, era o caminho que decidia como as coisas iriam ser. Voltou novamente para a página em branco e escreveu no fluxo de ideias. Relendo o que escreveu, reconheceu os sentimentos que estavam presos em si, escondidos nas pequenas vírgulas e no ritmo inserido. Refletiu se mais alguém perceberia, refletiu também se alguém leria e se compensava realmente publicá-lo. Após quase apagar para começar pela quarta vez, preferiu colocar junto dos outros textos públicos mas estrategicamente escondidos, para que no futuro esse momento seja registrado e para que, alguém um dia, possa se inspirar nele e fazer o seu próprio texto.

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