quarta-feira, 9 de maio de 2018

Peixes.

É difícil ser uma vítima ocasional dos traumas dos outros. O objeto a ser descartado em momentos de perigo, o peso no navio jogado ao mar para que ele não afunde. Daí boio, à deriva, e vejo à distância o navio afundar. E em outros barcos e embarcações menores, a história se repete. Enquanto eu acredito ser o que impede a água de entrar, ao mesmo tempo eu e minha fé somos jogados fora sem pensar duas vezes. Os gritos de protesto ignorados, os avisos negados, porque não é minha função que me mantem ali. É o ego e o conforto que posso oferecer, a segurança em mares agitados. Mas na confusão e enjôo que esse mesmo mar causa, é difícil diferenciar o que ajuda e o que atrapalha no processo, e eventualmente tenho sido eu a peça descartada. Eu novamente no frio tento nadar para um lugar seguro, com dúvidas se vou conseguir. O barco afunda a poucos metros de mim sem eu poder fazer nada.

At the botton of the ocean, fish won't judge you by your faults.

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