quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Ausência.


Hoje de manhã, sua ausência não foi notada.
No espaço vazio da cama tinha uma almofada.
Nos minutos de acordar, uma planta foi regada.
Não tropecei nas suas roupas espalhadas.
Na mesa do café, não sobrou outra torrada.
A luz do Sol entrou por onde a toalha era pendurada.
Eu mesmo dei um novo nó na minha gravata.
Lembrei de conferir se a janela tá fechada.
A cópia que eu te dei, a fechadura foi trocada.
O porteiro não estranhou quando saí pela escada.
Elogiou minha postura e minha barba penteada.
Na caixa de correios, nenhuma carta endereçada.
O cinto do meu carro não deixa mais você marcada.
Nem desvio meu caminho pra deixar você em casa.
Ou espero sua resposta das mensagens visualizadas.
Não combino o almoço: saladinha ou feijoada?
Depois do trampo não me liga pra dizer que está atrasada
Alguém da faculdade te passou a sala errada.
Que o estágio não engrena, esse semestre está ferrada.
Que só queria estar dormindo ou vendo tv de madrugada.
Chego em casa, no fim do dia, esqueci a luz ligada.
A louça se acumula, a geladeira está estragada.
O chuveiro não esquenta, nenhuma roupa está passada.
O peso no meu corpo atinge uma tonelada.
A vontade de continuar se perde em meio a jornada.
Deito só mais uma vez, com a cara já molhada.
Torcendo que amanhã, a ausência não seja notada.

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