terça-feira, 3 de outubro de 2017

Nostalgia.

Eu julgava a nostalgia uma ferramenta fácil para atender uma geração que não se acostumou a ter seus brinquedos tirados de si. Estampamos nossos gostos infantilizados em camisetas e prateleiras, e somos convencidos por qualquer coisa que tenha um gostinho de infância. O remake ou uma continuação de um filme que gostávamos, um produto que traz de volta a embalagem dos anos 90. A nostalgia como argumento de vendas sempre existiu e quando você trabalha com publicitário, algumas cordas do sistema parecem visíveis demais.
Crescendo na cidade, nunca entendi muito bem aquele carinho que as pessoas tem pelo interior do país e as comidas da roça e mesmo os melhores aspectos da minha infância eram muito bem quistos como memória mas não entendidos como saudades ou vontade de voltar para uma época X ou Y.
Mas foi recentemente que a Nostalgia ganhou um aspecto diferente da minha vida, me mostrou lados que eu não conhecia e que me fez entender melhor o sentimento geral das pessoas. Foi quando, em crise, um instinto me fez procurar um lugar seguro e me transportou para a infância. Por uns minutos novamente eu tinha 6/7 anos. Sem nenhuma preocupação a não ser conseguir dormir, e foi o que eu fiz. Horas acordado em pesadelo lúcido resolvidos nos primeiros acordes de uma canção de ninar ou conto de fadas.
Sem ter consciência do teletransporte temporal que minha mente é capaz, ativei sem querer e entendi novamente esse meu super poder. A crise era outra, o momento era difícil e, por outros motivos, revi uma história que gostava muito há uns anos atrás. De repente, era eu novamente com vinte e poucos anos, sem as preocupações e problemas atuais, revivendo um breve momento de tranquilidade. Aquilo me sugou da neblina que vem cobrindo meus dias e me mostrou uma saída. Ainda que distante, é importante saber que ela existe.
A nostalgia então, mais que um mero capricho de pessoas que insistem em não envelhecer, ela é um lugar de conforto. Um porto seguro em um mundo desconhecido e cada vez mais perigoso. As mudanças não se mostraram boas até aqui, então encontrar um rosto conhecido nas telas, prateleiras e vestuário nos leva, mesmo que inconscientemente, para um momento onde as coisas eram mais simples.
Claro que o passado também tem suas armadilhas e os momentos felizes chegam como socos no estômago de quem não poderá repetí-los, mas se apegar ao que te fez bem é um começo para quem está buscando novas memórias para o futuro.

Um comentário:

  1. Não acredito que fiz um textao nos comentários e não publicou hahaha mas eu tava falando sobre como eu gosto de ter bonequinhos de personagens de desenho espalhados pelo quarto. Tira um pouco do peso da vida adulta, eu acho. É saudável pra sanidade ^^

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